Bona tarda!

Depois de pensar com a cabeça bêbada, decidi fazer um blog. Muitos sabem a lacra (desconheço a tradução ao português e amo essa palavra em espanhol) que eu sou e possivelmente em poucos dias ou semanas isto estará morto mas vamos tentá-lo!

Como podem ver está em português. As rações são diversas: talvez algum amigo brasileiro vai ler, aproveito para praticar a língua e assim vocês podem ver como não é muito difícil aprender esta bonita língua. Vou ir traduzindo algumas palavras chave para que não fiquem chateados procurando o significado.

Bêbado: tot begut

Eu: yo

Achar: pensar (se conjuga igual)

Chato/chateado: aburrido, hasta los cojones

Grana: euris

Preguiça: mandra

Acordar-se: levantar-se

Segunda feira – sexta feira: lunes-viernes

Jeito: se usa em Brasil para decir La manera de ser

Pingas: trago de cachaça

Sorrir: sonreir

Também peço desculpas mas tenho problemas com a camara. Não são problemas realmente, o problema sou eu que sou assim e peguei o cabo incorreto e encontrar uma LAN house com leitor de tarjetas é dificil, pelo que vamos improvisar (obrigado Facebook!).

Depois de unos meses incríveis na Fortaleza decidi começar uma viagem louca, sem planejamento, sem data de retorno, sem grandes objetivos mais que seguir conhecendo e aprendendo deste continente que nos enamora a tantos de nós. Para onde vou? Para o Sul, direção Argentina. Como não tenho obrigações em nenhum lugar vão ser a grana, a saudade e a ilusão as que determinem a duração deste agradável passeio. Só sei que meus pais vão vir para Buenos Aires em Agosto, nada mais. Apartir desse momento suponho que irei para Bolivia e Peru, mas nunca se sabe. Quero aproveitar para convidar a todos vocês a desfrutar dum tempo juntos. Só têm que me escrever e marcamos um lugar para o nosso encontro.

Como grande novidade é a forma da viagem: vamos viajar de carona (auto-stop). Por quê? Pois pela experiência sobretudo e porque o ônibus é caro. A idéia era viajar sozinho, mas dois dias antes de sair, Natalia, uma Cantabra divertida e um pouco doida às vezes, decidiu me acompanhar. Um prazer!

Apesar de que inicialmente tinha planejado sair de Fortaleza faz duas semanas decidi ficar mais alguns dias. Principalmente pela felicidade e irmandade que vivíamos na Vila Santa Cicília. Têm sido uns meses que vão ficar dentro do meu coração para sempre, de verdade. Que lindo é acordar-se com ressaca e começar uma conversação tranqüila, a ritmo de reggae, receber o abraço de todos e sorrir de novo!

Noite despedida com a família

Vamos começar então...

A passada terça feira, dia 1 de Juno do ano 2011, às 8 da manhã, depois de tomar café com a galera, Natalia e Barrulas partiram direção a autopista BR-116, no Km. 17 lá onde todos os caminhões param para entregar os papeis para os policiais. Depois de uma hora perguntado a todo homem encontramos nosso primeiro herói: o Alemão! (sempre alemão Alejo, tu sabe!!!) nosso caminhão transportava cimento para a Petrobras.

Foi uma viagem de 3 horas, tranqüilo, até Mossoró, já no estado do Rio Grande do Norte. Esperamos uma hora mais, até um cara com parecer tranqüilo, de poucas palavras respondeu corretamente as três perguntas mágicas:

- Oi! Vai para o Sul?

- Sim

- Vai direção Salvador de Bahia?

- Vou

- Pode dar carona para nós?

- Posso

Beleza!!!! Vamos vamos vamos. Como o trajeto era longo tivemos que dormir na carreteira. Fomos para a parte de atrás e colocamos o saco entre a farina que transportávamos. Essa noite foi difícil dormir. Dormíamos num posto de gasolina e estava lotado de mulheres, algumas crianças, menores de 16 anos de idade. É fácil imaginar que faziam lá. Brasil é um país que te mostra uma realidade triste, dura e difícil, mas é importante vive-la para entendê-la e tentar pensar como sair de lá.

Chegando a Recife decidimos parar e ficar aqui. Estávamos cansados de tanto caminhão. Mais de 900 km. Dois caminhões e 24 horas. Muito bem!! Decidimos deixar Recife para mais tarde e ir para Olinda, lindíssima cidade colonial com praia, de igrejas lindas e de bonitas lembranças de aquele carnaval que vivemos com o Alberto, o Willy e o Xarli!

"Carnavales que lugares"

Cansados, sujos, corremos para o mar com a idéia de tomar banho e depois pensar onde dormir essa noite. Mas a vida é cheia de surpresas e o jeito brasileiro hospitaleiro como poucos outros. Em pouco tempo dois homens nos convidaram a tomar uma, duas, três,... pingas de cachaça. Começaram chegar os pacos da cidade e passamos umas horas sorrindo, falando e compartilhando historias. Eles falaram que nós éramos muito aventureiros. Pode ser que tenham razão, mais os verdadeiros aventureiros são eles, que, por exemplo, saíram de sua terra com 10 anos sozinhos para procurar uma vida melhor. 40 anos depois têm família, emprego e saúde, isto sim é aventura!

Caiu a noite e ainda não tínhamos onde dormir, mas foi fácil: no bar!!! O dono ofereceu botar as redes lá e aceitamos felizes! Depois de tomar as últimas saimos sair para comer. Foi pouco o tempo que passou até encontrá-nos com uma amiga de Natalia e sua galera. Como se fala em catalhão telecogreskil, se'ns en va anar de les mans...

Finalmente ficamos duas noites lá, para depois ir para Recife. Ajudamos com o bar (ele nos ofereceu trabalhar lá porque está cansado, seria um sonho). Imaginem trabalhar aqui (falta a foto, mas pensem num barzinho em frente do mar, com suas mesas de plástico con nome de cerveja, em fim...)

Tudo chega algum dia...

P.D: Vamos ver como gestionamos o negócio das fotos